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terça-feira, 5 de maio de 2009

Todo o cuidado é pouco...

Êxtase.



Uma noite, ao canto de uma lua cheia,
cercado por estrelas
que reinam sobre a vasta escuridão

como uma pedrinha
longe na distância
meu coração saudoso
repousa sob tua sombra.

Sim, certamente
poderia ter-se perdido
no mar de todas as coisas,
mas seu brilho reflete
uma presença
que não pode ser vista impunemente.

Ressoam profundos desejos,
mantêm-se doces memórias,
como numa canção de ninar,
sempre cantarei teu nome junto ao meu,
como era para ser os nossos corações.

Felicidade, felicidade, felicidade
tudo o que era,
tudo o que não foi roubado,
e tudo o que poderá ser…

Como pétalas arrancadas cedo
pela fúria de uma tempestade,
ainda que seu talo sustenha uma flor
pode também esconder lágrimas
por um amor abandonado com desprezo.

A minha flor sobrevive ao inimaginável,
supera o banal,
desafia todos os temores e tristezas,
permanecendo aveludada,
aberta
encarando o céu
sempre.


Bianca Rossini

segunda-feira, 4 de maio de 2009

O Crime da Palavra;



Nenhum código, nenhuma instituição humana pode prevenir o crime moral que mata com uma palavra. Nisso consta a falha das justiças sociais; aí está a diferença que há entre os costumes da sociedade e os do povo; um é franco, outro é hipócrita; a um, a faca, à outra, o veneno da linguagem ou das ideias; a um a morte, à outra a impunidade.

Honoré de Balzac, in "O Contrato de Casamento"

Refúgio.


A maneira de deitar tudo cá para fora,
fantasmas,amores,tristezas e alegrias:
-Escrever alivia a alma.

Busca.



A mão da menina desliza
Sobre a folha branca

Talvez
Uma floresta
Um pássaro
Um gigante
Uma bomba
Um perdão

A mão da menina busca
A qualidade da palavra
Aprendida
Apreendida

A mão desliza
A menina experimenta
O prazer da expressão

Cida Sepulveda.

domingo, 3 de maio de 2009

Eugénio de Andrade.

Palavras para a Minha Mãe .




mãe, tenho pena. esperei sempre que entendesses
as palavras que nunca disse e os gestos que nunca fiz.
sei hoje que apenas esperei, mãe, e esperar não é suficiente.

pelas palavras que nunca disse, pelos gestos que me pediste
tanto e eu nunca fui capaz de fazer, quero pedir-te
desculpa, mãe, e sei que pedir desculpa não é suficiente.

às vezes, quero dizer-te tantas coisas que não consigo,
a fotografia em que estou ao teu colo é a fotografia
mais bonita que tenho, gosto de quando estás feliz.

lê isto: mãe, amo-te.

eu sei e tu sabes que poderei sempre fingir que não
escrevi estas palavras, sim, mãe, hei-de fingir que
não escrevi estas palavras, e tu hás-de fingir que não
as leste, somos assim, mãe, mas eu sei e tu sabes.

José Luís Peixoto

Mãe.


E tu, sozinho e pensativo na tua dor,
procurarás a tua mãe,
e nestes braços esconderás o teu rosto;
no seio que nunca muda terás repouso .

Um xi-coração para todas as mães do mundo.

Pernoitas em Mim .




pernoitas em mim
e se por acaso te toco a memória... amas
ou finges morrer

pressinto o aroma luminoso dos fogos
escuto o rumor da terra molhada
a fala queimada das estrelas

é noite ainda
o corpo ausente instala-se vagarosamente
envelheço com a nómada solidão das aves

já não possuo a brancura oculta das palavras
e nenhum lume irrompe para beberes

Al Berto, in 'Rumor dos Fogos'

sábado, 2 de maio de 2009

Mar azul.

Linguagem Violenta: a Única !




Linguagem violenta: a única.
A outra é: Sedução ou Submissão.
Ou seja, o mesmo medo: recear estar só.
Quando se fala, fala-se. No alto da matéria e do espirito.

Gonçalo M. Tavares, in "Investigações

lições de vida.

YouTube - Susan Boyle Versão Completa Legendado PT BR

"Às vezes a glória traz a humilhação e há quem da humilhação levante a cabeça ."

sexta-feira, 1 de maio de 2009

Rescaldo do 1° de Maio.




A violência não é força, mas fraqueza, nem nunca poderá ser criadora de coisa alguma, apenas destruidora .

Mariza e Tipo Paris.



Fim de semana lindo para todo o mundo.

Satisfação do Trabalho.



Para não sofrer, trabalha. Sempre que puderes diminuir o teu tédio ou o teu sofrimento pelo trabalho, trabalha sem pensar. Parece simples à primeira vista. Eis um exemplo trivial: saí de casa e sinto que as roupas me incomodam, mas com a preguiça de voltar atrás e mudar de roupa continuo a caminhar. Existem contudo muitos outros exemplos. Se se aplicasse esta determinação tanto às coisas banais da existência como às coisas importantes, comunicar-se-ia à alma um fundo e um equilíbrio que constituem o estado mais propício para repelir o tédio.

Sentir que fazemos o que devemos fazer aumenta a consideração que temos por nós próprios; desfrutamos, à falta de outros motivos de contentamento, do primeiro dos prazeres - o de estar contente consigo mesmo... É enorme a satisfação de um homem que trabalhou e que aproveitou convenientemente o seu dia. Quando me encontro nesse estado, gozo depois, deliciadamente, com o repouso e os mais pequenos lazeres. Posso mesmo encontrar-me no meio das pessoas mais aborrecidas, sem o menor desagrado; a recordação do trabalho feito não me abandona e preserva-me do aborrecimento e da tristeza.

Eugène Delacroix, in 'Diário'

Constância.(vila poema) 1° aniversário

tudo começou aqui.
«(a)Mar Pedra»: Dia do Trabalhador e assim

Os meus agradecimentos a todos os que me visitaram.

Dia do trabalhador.


Ah, esta vida de trabalhador! Se sobra tempo, falta dinheiro. Se sobra dinheiro, falta tempo.

quinta-feira, 30 de abril de 2009



Melhor do que deitar a cabeça no travesseiro e sonhar com as estrelas,
é deitar a cabeça no travesseiro e realmente ver as estrelas!!!"

Um bom feriado para todo o mundo.

Coisas, Pequenas Coisas.




Fazer das coisas fracas um poema.

Uma árvore está quieta,
murcha, desprezada.
Mas se o poeta a levanta pelos cabelos
e lhe sopra os dedos,
ela volta a empertigar-se, renovada.
E tu, que não sabias o segredo,
perdes a vaidade.
Fora de ti há o mundo
e nele há tudo
que em ti não cabe.

Homem, até o barro tem poesia!
Olha as coisas com humildade.

Fernando Namora, in "Mar de Sargaços"

Dia do Sol .


Dia do Sol - 3 de Maio - No Centro Ciência Viva de Constância
No próximo domingo, 3 de Maio, comemora-se o Dia do Sol, uma data que o Centro Ciência Viva de Constância vai assinalar com a dinamização de diversas iniciativas.

Assim, entre as 11 e as 13.30 horas, com entradas livres, decorrerão as seguintes actividades: Observação do Sol no Laboratório de Heliofísica; Observações (comentadas) do Sol através de telescópios com filtros especiais; Observação do Meio-Dia Solar.

Para mais informações devem os interessados contactar o Centro Ciência Viva de Constância através do telefone 249 739 066, ou via correio electrónico para info@contancia.cienciaviva.pt Por CMC

quarta-feira, 29 de abril de 2009

Dia internacional da dança.

O Koala e a Lagartixa

Um koala estava sentado numa árvore, a fumar um charro...



Uma lagartixa que passava, olhou para cima e perguntou:

- Hei, Koala... tá tudo bem? O que estás a fazer?



O koala respondeu:
- Curtindo uma broca! Sobe, pá...
A lagartixa subiu a árvore e sentou-se ao lado do koala, a curtir uns charros.
Após algum tempo, a lagartixa disse:
- Porra, Koala, tenho a boca seca, vou beber água ao rio...

Quando estava junto ao rio, a lagartixa, desorientada com o fumo, inclinou-se muito e caiu no rio.
Um jacaré, quando a viu cair, nadou até ela, ajudando-a a subir p'rá margem.
Depois, perguntou:
- Então, lagartixa? O que aconteceu?

A lagartixa explicou que tinha estado a curtir umas brocas com o koala numa árvore, foi beber água, ficou azambuada e caiu no rio.

O jacaré disse que ia verificar e história e entrando da floresta, encontrou o koala sentado num galho, todo ganzado.
O jacaré olhou para cima e disse:
- Ei! Ó tu aí em cima!



O koala olhou para baixo e disse:



- Fonix....., Lagartixa.
Quanta água é que tu bebeste?!!

Plano Estratégico de Constância 2020 .


Apresentação Pública do Plano Estratégico de Constância 2020
No próximo dia 8 de Maio, pelas 20.30H, no Auditório do Cine-Teatro Municipal de Constância vai decorrer a Sessão Pública de apresentação do Plano Estratégico de Constância 2020.
Recorde-se que Constância, um concelho de oferta diversificada e qualificada, para visitantes e residentes, atractiva para o investimento produtivo, em articulação com o sistema urbano do Médio Tejo, é o objectivo central proposto pelo Plano Estratégico do Concelho de Constância 2020 para o desenvolvimento de Constância. Deste modo, o documento aponta cinco linhas estratégicas com vista à operacionalização do objectivo central:

Constância Solidária
Constância Competitiva
Constância Atractiva
Constância Moderna
Constância Integrada

Assim, atendendo à importância deste documento enquanto quadro de referência tecnicamente fundamentado e focalizado nas perspectivas de desenvolvimento do concelho, convidam-se os interessados a assistir à Sessão Pública de apresentação do Plano Estratégico de Constância 2020, na data e horário acima mencionados.

Informamos também que o Plano Estratégico de Constância 2020 está disponível do Portal do Município.

Por CMC

Literatura.


A Demanda do mestre.

A Crise de 1383-85

de Isabel Ricardo



«A Demanda do Mestre» é um romance notável sobre o genial Nuno Álvares Pereira, as suas lutas e conquistas, e a vida turbulenta da corte portuguesa.
Em Outubro de 1383, com a morte do rei D. Fernando, Portugal é lançado numa crise inquietante… A única herdeira do trono é a jovem Beatriz, casada com o rei de Castela.
Lado a lado com personagens históricas notáveis, tais como D. Nuno Álvares Pereira, o nosso Santo Condestável, e o primeiro rei da segunda dinastia, D. João I, Mestre de Avis, o leitor conhece também a escandalosa Constança e os seus amantes, e a doce e meiga Catarina, duas personagens femininas muito marcantes, que nos envolvem apaixonadamente.
Num romance histórico de leitura compulsiva, extremamente emocionante e irresistível, que nos deixa sem fôlego do início ao fim, a autora transporta-nos numa viagem até um Portugal de finais da Idade Média.

terça-feira, 28 de abril de 2009

O Meu Sonho Habitual .




Tenho às vezes um sonho estranho e penetrante
Com uma desconhecida, que amo e que me ama
E que, de cada vez, nunca é bem a mesma
Nem é bem qualquer outra, e me ama e compreende.

Porque me entende, e o meu coração, transparente
Só pra ela, ah!, deixa de ser um problema
Só pra ela, e os suores da minha testa pálida,
Só ela, quando chora, sabe refrescá-los.

Será morena, loira ou ruiva? — Ainda ignoro.
O seu nome? Recordo que é suave e sonoro
Como esses dos amantes que a vida exilou.

O olhar é semelhante ao olhar das estátuas
E quanto à voz, distante e calma e grave, guarda
Inflexões de outras vozes que o tempo calou.

Paul Verlaine, in "Melancolia"

A Quimera da Felicidade.





(...) do alto de uma montanha, inclinei os olhos a uma das vertentes, e contemplei, durante um tempo largo, ao longe, através de um nevoeiro, uma cousa única. Imagina tu, leitor, uma redução dos séculos, e um desfilar de todos eles, as raças todas, todas as paixões, o tumulto dos impérios, a guerra dos apetites e dos ódios, a destruição recíproca dos seres e das cousas. Tal era o espectáculo, acerbo e curioso espectáculo. A história do homem e da terra tinha assim uma intensidade que não lhe podiam dar nem a imaginação nem a ciência, porque a ciência é mais lenta e a imaginação mais vaga, enquanto que o que eu ali via era a condensação viva de todos os tempos. Para descrevê-la seria preciso fixar o relâmpago. Os séculos desfilavam num turbilhão, e, não obstante, porque os olhos do delírio são outros, eu via tudo o que passava diante de mim, - flagelos e delícias, - desde essa cousa que se chama glória até essa outra que se chama miséria, e via o amor multiplicando a miséria, e via a miséria agravando a debilidade. Aí vinham a cobiça que devora, a cólera que inflama, a inveja que baba, e a enxada e a pena, úmidas de suor, e a ambição, a fome, a vaidade, a melancolia, a riqueza, o amor, e todos agitavam o homem, como um chocalho, até destruí-lo, como um farrapo. Eram as formas várias de um mal, que ora mordia a víscera, ora mordia o pensamento, e passeava eternamente as suas vestes de arlequim, em derredor da espécie humana. A dor cedia alguma vez, mas cedia à indiferença, que era um sono sem sonhos, ou ao prazer, que era uma dor bastarda. Então o homem, flagelado e rebelde, corria diante da fatalidade das cousas, atrás de uma figura nebulosa e esquiva, feita de retalhos, um retalho de impalpável, outro de improvável, outro de invisível, cosidos todos a ponto precário, com a agulha da imaginação; e essa figura, - nada menos que a quimera da felicidade, - ou lhe fugia perpetuamente, ou deixava-se apanhar pela fralda, e o homem a cingia ao peito, e então ela ria, como um escárnio, e sumia-se, como uma ilusão.

Machado de Assis, in 'Memórias Póstumas de Brás Cubas'

Determinação.




Nem um passo para trás. Nem para tomar impulso .

segunda-feira, 27 de abril de 2009

Identidade .




Preciso ser um outro
para ser eu mesmo

Sou grão de rocha
Sou o vento que a desgasta

Sou pólen sem insecto

Sou areia sustentando
o sexo das árvores

Existo onde me desconheço
aguardando pelo meu passado
ansiando a esperança do futuro

No mundo que combato morro
no mundo por que luto nasço

Mia Couto, in "Raiz de Orvalho e Outros Poemas"

Viver a vida.

Isabelle.







Ela é stripper na internet. Tem um filho de cinco anos. Mora em Hong-Kong. Tem suores noturnos que acrescem ainda mais a umidade relativa do ar — as pás do ventilador estampando toxinas na parede. Contempla a ausência de murmúrio, rastro qualquer de seu exílio, e ama insensatamente um homem que não quer ser seu. O corpo de contornos arredondados. Tem vaidades, veleidades. Entre rendas e cetim, solta os cabelos ao vento, mata baratas e sorri subterrâneos inteiros. Ninguém sabe, mas Isabelle é hipocondríaca e pretende, ante o lirismo dilacerado, jogar no vaso sanitário a cartela de prozac e toda a perspicácia aviltada. Tudo está nos devidos lugares. Inclusive os livros. Entre paredes e portas, com a singularidade resguardada pelo enquadramento da câmera, ela tira uma a uma as peças de roupa em frente ao computador. Está protegida de assaltos e das doenças. Tem todos os modos de reunir seus talentos e o exibir-se. Então para quê sustentar esse amarelo? De calcinha e soutien ela dança e faz malabarismos. Sorri carmim.


Clotilde Zingali

Texto extraído do livro "40 possíveis maneiras de se descascar uma mulher",

domingo, 26 de abril de 2009

Ter um destino.


Ter um destino
é não caber num berço
onde o corpo nasceu,
é transportar as fronteiras
uma a uma
e morrer sem nenhuma.

Miguel Torga.

Mar.

Tua influência ó mar!;



Que influência tens tu sobre mim ó mar,
Que feitiço me fizeste,logo que nasci?!
Quando triste,sinto meu pranto rolar
Em ondas salgadas,que vêm de ti.

Amigo,companheiro da minha infância
Ouvia teu susurro ao anoitecer,
Numa canção que ensaiavas à distância
E me embalava p,ra me adormecer.

Quado te encontro,sinto renascer
A coragem,a força e a energia,
E a seiva que preciso p,ra viver
Vem de ti,num perfume de maresia.

Agora,da viagem já cansada
Sonho contigo,amigo dedicado,
Respiro o ar da noite despenhada
Em ecos,num pranto ainda salgado

Fernanda Costa.

As Liberdades Essenciais.



As liberdades essenciais são três: liberdade de cultura, liberdade de organização social, liberdade económica. Pela liberdade de cultura, o homem poderá desenvolver ao máximo o seu espírito crítico e criador; ninguém lhe fechará nenhum domínio, ninguém impedirá que transmita aos outros o que tiver aprendido ou pensado. Pela liberdade de organização social, o homem intervém no arranjo da sua vida em sociedade, administrando e guiando, em sistemas cada vez mais perfeitos à medida que a sua cultura se for alargando; para o bom governante, cada cidadão não é uma cabeça de rebanho; é como que o aluno de uma escola de humanidade: tem de se educar para o melhor dos regimes, através dos regimes possíveis. Pela liberdade económica, o homem assegura o necessário para que o seu espírito se liberte de preocupações materiais e possa dedicar-se ao que existe de mais belo e de mais amplo; nenhum homem deve ser explorado por outro homem; ninguém deve, pela posse dos meios de produção e de transporte, que permitem explorar, pôr em perigo a sua liberdade de Espírito ou a liberdade de Espírito dos outros. No Reino Divino, na organização humana mais perfeita, não haverá nenhuma restrição de cultura, nenhuma coacção de governo, nenhuma propriedade. A tudo isto se poderá chegar gradualmente e pelo esforço fraterno de todos.

Agostinho da Silva.

sábado, 25 de abril de 2009

Refúgio das Mágoas.




Meus olhos tristes chorando
Brotaram plangentes águas
Mas descobri que cantando
São mais suaves as mágoas!...

Toda a mágoa que na vida
Em silêncio é calada
É sempre mais dolorida
Por nunca ser revelada...

Se a vida fosse somente
Feita de dor e sofrer
Não havia certamente
Mera razão p'ra viver ...

As mágoas que alma sente
E a vida vão torturando
Têm refúgio, se a gente
Levar a vida cantando!...

Euclides Cavaco

Capitães de Abril.

A propósito de liberdade!

25 de Abril de 1974.

00:20 horas
A transmissão da canção " Grândola Vila Morena " de José Afonso, no programa "Limite" da Rádio Renascença, é a senha escolhida pelo MFA, como sinal confirmativo de que as operações militares estão em marcha e são irreversíveis.
Das 00:30 às 16:00 horas
Ocupação de pontos estratégicos considerados fundamentais ( RTP, Emissora Nacional, Rádio Clube Português, Aeroporto de Lisboa, Quartel General, Estado Maior do Exército, Ministério do Exército, Banco de Portugal e Marconi).
Primeiro Comunicado do MFA difundido pelo Rádio Clube Português.
Forças da Escola Prática de Cavalaria de Santarém estacionam no Terreiro do Paço.
As forças paramilitares leais ao regime começam a render-se: a Legião Portuguesa é a primeira.
Desde a primeira hora o povo vem para a rua para expressar a sua alegria.
Início do cerco ao Quartel do Carmo, chefiado por Salgueiro Maia, entre milhares de pessoas que apoiavam os militares revoltosos. Dentro do Quartel estão refugiados Marcelo Caetano e mais dois ministros do seu Gabinete.
16:30 horas
Expirado o prazo inicial para a rendição anunciado por megafone pelo Capitão Salgueiro Maia, e após algumas diligências feitas por mediadores civis, Marcelo Caetano faz saber que está disposto a render-se e pede a comparência no Quartel do Carmo de um oficial do MFA de patente não inferior a coronel.
17:45 horas
Spínola, mandatado pelo MFA entra no Quartel do Carmo para negociar a rendição do Governo.
O Quartel do Carmo hasteia a bandeira branca.
19:30 horas
Rendição de Marcelo Caetano. A chaimite (tipo de blindado) BULA entra no Quartel para retirar o ex-presidente do Conselho e os ministros que o acompanhavam, levando-os, à guarda do MFA para o Posto de Comando do Movimento no Quartel da Pontinha.
20:00 horas
Disparos de elementos da PIDE/DGS (polícia política) sobre manifestantes que começavam a afluir à sede daquela polícia na Rua António Maria Cardoso, fazem quatro mortos e 45 feridos.

sexta-feira, 24 de abril de 2009

Blogue da JICA, onde tudo se sabe sobre nós..

Montalvo-Constância
Festasda Freguesia.

Blogue da JICA, onde tudo se sabe sobre nós..

As portas que Abril abriu.


Era uma vez um país
onde entre o mar e a guerra
vivia o mais infeliz
dos povos à beira-terra.

Onde entre vinhas sobredos
vales socalcos searas
serras atalhos veredas
lezírias e praias claras
um povo se debruçava
como um vime de tristeza
sobre um rio onde mirava
a sua própria pobreza.

Era uma vez um país
onde o pão era contado
onde quem tinha a raiz
tinha o fruto arrecadado
onde quem tinha o dinheiro
tinha o operário algemado
onde suava o ceifeiro
que dormia com o gado
onde tossia o mineiro
em Aljustrel ajustado
onde morria primeiro
quem nascia desgraçado.

Era uma vez um país
de tal maneira explorado
pelos consórcios fabris
pelo mando acumulado
pelas ideias nazis
pelo dinheiro estragado
pelo dobrar da cerviz
pelo trabalho amarrado
que até hoje já se diz
que nos tempos do passado
se chamava esse país
Portugal suicidado.

Ali nas vinhas sobredos
vales socalcos searas
serras atalhos veredas
lezírias e praias claras
vivia um povo tão pobre
que partia para a guerra
para encher quem estava podre
de comer a sua terra.

Um povo que era levado
para Angola nos porões
um povo que era tratado
como a arma dos patrões
um povo que era obrigado
a matar por suas mãos
sem saber que um bom soldado
nunca fere os seus irmãos.

Ora passou-se porém
que dentro de um povo escravo
alguém que lhe queria bem
um dia plantou um cravo.

Era a semente da esperança
feita de força e vontade
era ainda uma criança
mas já era a liberdade.

Era já uma promessa
era a força da razão
do coração à cabeça
da cabeça ao coração.
Quem o fez era soldado
homem novo capitão
mas também tinha a seu lado
muitos homens na prisão.

Esses que tinham lutado
a defender um irmão
esses que tinham passado
o horror da solidão
esses que tinham jurado
sobre uma côdea de pão
ver o povo libertado
do terror da opressão.

Não tinham armas é certo
mas tinham toda a razão
quando um homem morre perto
tem de haver distanciação

uma pistola guardada
nas dobras da sua opção
uma bala disparada
contra a sua própria mão
e uma força perseguida
que na escolha do mais forte
faz com que a força da vida
seja maior do que a morte.

Quem o fez era soldado
homem novo capitão
mas também tinha a seu lado
muitos homens na prisão.

Posta a semente do cravo
começou a floração
do capitão ao soldado
do soldado ao capitão.

Foi então que o povo armado
percebeu qual a razão
porque o povo despojado
lhe punha as armas na mão.

Pois também ele humilhado
em sua própria grandeza
era soldado forçado
contra a pátria portuguesa.

Era preso e exilado
e no seu próprio país
muitas vezes estrangulado
pelos generais senis.

Capitão que não comanda
não pode ficar calado
é o povo que lhe manda
ser capitão revoltado
é o povo que lhe diz
que não ceda e não hesite
- pode nascer um país
do ventre duma chaimite.

Porque a força bem empregue
contra a posição contrária
nunca oprime nem persegue
- é força revolucionária!

Foi então que Abril abriu
as portas da claridade
e a nossa gente invadiu
a sua própria cidade.

Disse a primeira palavra
na madrugada serena
um poeta que cantava
o povo é quem mais ordena.

E então por vinhas sobredos
vales socalcos searas
serras atalhos veredas
lezírias e praias claras
desceram homens sem medo
marujos soldados «páras»
que não queriam o degredo
dum povo que se separa.

E chegaram à cidade
onde os monstros se acoitavam
era a hora da verdade
para as hienas que mandavam
a hora da claridade
para os sóis que despontavam
e a hora da vontade
para os homens que lutavam.

Em idas vindas esperas
encontros esquinas e praças
não se pouparam as feras
arrancaram-se as mordaças
e o povo saiu à rua
com sete pedras na mão
e uma pedra de lua
no lugar do coração.

Dizia soldado amigo
meu camarada e irmão
este povo está contigo
nascemos do mesmo chão
trazemos a mesma chama
temos a mesma ração
dormimos na mesma cama
comendo do mesmo pão.
Camarada e meu amigo
soldadinho ou capitão
este povo está contigo
a malta dá-te razão.

Foi esta força sem tiros
de antes quebrar que torcer
esta ausência de suspiros
esta fúria de viver
este mar de vozes livres
sempre a crescer a crescer
que das espingardas fez livros
para aprendermos a ler
que dos canhões fez enxadas
para lavrarmos a terra
e das balas disparadas
apenas o fim da guerra.

Foi esta força viril
de antes quebrar que torcer
que em vinte e cinco de Abril
fez Portugal renascer.

E em Lisboa capital
dos novos mestres de Aviz
o povo de Portugal
deu o poder a quem quis.

Mesmo que tenha passado
às vezes por mãos estranhas
o poder que ali foi dado
saiu das nossas entranhas.
Saiu das vinhas sobredos
vales socalcos searas
serras atalhos veredas
lezírias e praias claras
onde um povo se curvava
como um vime de tristeza
sobre um rio onde mirava
a sua própria pobreza.

E se esse poder um dia
o quiser roubar alguém
não fica na burguesia
volta à barriga da mãe.
Volta à barriga da terra
que em boa hora o pariu
agora ninguém mais cerra
as portas que Abril abriu.

Essas portas que em Caxias
se escancararam de vez
essas janelas vazias
que se encheram outra vez
e essas celas tão frias
tão cheias de sordidez
que espreitavam como espias
todo o povo português.

Agora que já floriu
a esperança na nossa terra
as portas que Abril abriu
nunca mais ninguém as cerra.

Contra tudo o que era velho
levantado como um punho
em Maio surgiu vermelho
o cravo do mês de Junho.

Quando o povo desfilou
nas ruas em procissão
de novo se processou
a própria revolução.

Mas eram olhos as balas
abraços punhais e lanças
enamoradas as alas
dos soldados e crianças.

E o grito que foi ouvido
tantas vezes repetido
dizia que o povo unido
jamais seria vencido.

Contra tudo o que era velho
levantado como um punho
em Maio surgiu vermelho
o cravo do mês de Junho.

E então operários mineiros
pescadores e ganhões
marçanos e carpinteiros
empregados dos balcões
mulheres a dias pedreiros
reformados sem pensões
dactilógrafos carteiros
e outras muitas profissões
souberam que o seu dinheiro
era presa dos patrões.

A seu lado também estavam
jornalistas que escreviam
actores que se desdobravam
cientistas que aprendiam
poetas que estrebuchavam
cantores que não se vendiam
mas enquanto estes lutavam
é certo que não sentiam
a fome com que apertavam
os cintos dos que os ouviam.

Porém cantar é ternura
escrever constrói liberdade
e não há coisa mais pura
do que dizer a verdade.

E uns e outros irmanados
na mesma luta de ideais
ambos sectores explorados
ficaram partes iguais.

Entanto não descansavam
entre pragas e perjúrios
agulhas que se espetavam
silêncios boatos murmúrios
risinhos que se calavam
palácios contra tugúrios
fortunas que levantavam
promessas de maus augúrios
os que em vida se enterravam
por serem falsos e espúrios
maiorais da minoria
que diziam silenciosa
e que em silêncio fazia
a coisa mais horrorosa:
minar como um sinapismo
e com ordenados régios
o alvor do socialismo
e o fim dos privilégios.

Foi então se bem vos lembro
que sucedeu a vindima
quando pisámos Setembro
a verdade veio acima.

E foi um mosto tão forte
que sabia tanto a Abril
que nem o medo da morte
nos fez voltar ao redil.

Ali ficámos de pé
juntos soldados e povo
para mostrarmos como é
que se faz um país novo.

Ali dissemos não passa!
E a reacção não passou.
Quem já viveu a desgraça
odeia a quem desgraçou.

Foi a força do Outono
mais forte que a Primavera
que trouxe os homens sem dono
de que o povo estava à espera.

Foi a força dos mineiros
pescadores e ganhões
operários e carpinteiros
empregados dos balcões
mulheres a dias pedreiros
reformados sem pensões
dactilógrafos carteiros
e outras muitas profissões
que deu o poder cimeiro
a quem não queria patrões.

Desde esse dia em que todos
nós repartimos o pão
é que acabaram os bodos
- cumpriu-se a revolução.

Porém em quintas vivendas
palácios e palacetes
os generais com prebendas
caciques e cacetetes
os que montavam cavalos
para caçarem veados
os que davam dois estalos
na cara dos empregados
os que tinham bons amigos
no consórcio dos sabões
e coçavam os umbigos
como quem coça os galões
os generais subalternos
que aceitavam os patrões
os generais inimigos
os generais garanhões
teciam teias de aranha
e eram mais camaleões
que a lombriga que se amanha
com os próprios cagalhões.
Com generais desta apanha
já não há revoluções.

Por isso o onze de Março
foi um baile de Tartufos
uma alternância de terços
entre ricaços e bufos.

E tivemos de pagar
com o sangue de um soldado
o preço de já não estar
Portugal suicidado.

Fugiram como cobardes
e para terras de Espanha
os que faziam alardes
dos combates em campanha.

E aqui ficaram de pé
capitães de pedra e cal
os homens que na Guiné
aprenderam Portugal.

Os tais homens que sentiram
que um animal racional
opõe àqueles que o firam
consciência nacional.

Os tais homens que souberam
fazer a revolução
porque na guerra entenderam
o que era a libertação.

Os que viram claramente
e com os cinco sentidos
morrer tanta tanta gente
que todos ficaram vivos.

Os tais homens feitos de aço
temperado com a tristeza
que envolveram num abraço
toda a história portuguesa.

Essa história tão bonita
e depois tão maltratada
por quem herdou a desdita
da história colonizada.

Dai ao povo o que é do povo
pois o mar não tem patrões.
- Não havia estado novo
nos poemas de Camões!

Havia sim a lonjura
e uma vela desfraldada
para levar a ternura
à distância imaginada.

Foi este lado da história
que os capitães descobriram
que ficará na memória
das naus que de Abril partiram
das naves que transportaram
o nosso abraço profundo
aos povos que agora deram
novos países ao mundo.

Por saberem como é
ficaram de pedra e cal
capitães que na Guiné
descobriram Portugal.

E em sua pátria fizeram
o que deviam fazer:
ao seu povo devolveram
o que o povo tinha a haver:
Bancos seguros petróleos
que ficarão a render
ao invés dos monopólios
para o trabalho crescer.
Guindastes portos navios
e outras coisas para erguer
antenas centrais e fios
dum país que vai nascer.

Mesmo que seja com frio
é preciso é aquecer
pensar que somos um rio
que vai dar onde quiser

pensar que somos um mar
que nunca mais tem fronteiras
e havemos de navegar
de muitíssimas maneiras.

No Minho com pés de linho
no Alentejo com pão
no Ribatejo com vinho
na Beira com requeijão
e trocando agora as voltas
ao vira da produção
no Alentejo bolotas
no Algarve maçapão
vindimas no Alto Douro
tomates em Azeitão
azeite da cor do ouro
que é verde ao pé do Fundão
e fica amarelo puro
nos campos do Baleizão.
Quando a terra for do povo
o povo deita-lhe a mão!

É isto a reforma agrária
em sua própria expressão:
a maneira mais primária
de que nós temos um quinhão
da semente proletária
da nossa revolução.

Quem a fez era soldado
homem novo capitão
mas também tinha a seu lado
muitos homens na prisão.

De tudo o que Abril abriu
ainda pouco se disse
um menino que sorriu
uma porta que se abrisse
um fruto que se expandiu
um pão que se repartisse
um capitão que seguiu
o que a história lhe predisse
e entre vinhas sobredos
vales socalcos searas
serras atalhos veredas
lezírias e praias claras
um povo que levantava
sobre um rio de pobreza
a bandeira em que ondulava
a sua própria grandeza!
De tudo o que Abril abriu
ainda pouco se disse
e só nos faltava agora
que este Abril não se cumprisse.
Só nos faltava que os cães
viessem ferrar o dente
na carne dos capitães
que se arriscaram na frente.

Na frente de todos nós
povo soberano e total
que ao mesmo tempo é a voz
e o braço de Portugal.

Ouvi banqueiros fascistas
agiotas do lazer
latifundiários machistas
balofos verbos de encher
e outras coisas em istas
que não cabe dizer aqui
que aos capitães progressistas
o povo deu o poder!
E se esse poder um dia
o quiser roubar alguém
não fica na burguesia
volta à barriga da mãe!
Volta à barriga da terra
que em boa hora o pariu
agora ninguém mais cerra
as portas que Abril abriu!

José Carlos Ary dos Santos

Um Abril diferente.

Senha da Revolução dos Cravos, 25 de Abril de 1974

24 de Abril.



O jornal República, em breve notícia, chama a atenção dos seus leitores para a emissão do programa "Limite" dessa noite, na Rádio Renascença.
22:00 horas
Otelo Saraiva de Carvalho e outros cinco oficiais ligados ao MFA (Movimento das Forças Armadas) já estão no Regimento de Engenharia 1 na Pontinha onde, desde a véspera, fora clandestinamente preparado o Posto de Comando do Movimento. Será ele a comandar as operações militares contra o regime.
22:55 horas
A transmissão da canção " E depois do Adeus ", interpretada por Paulo de Carvalho, aos microfones dos Emissores Associados de Lisboa, marca o início das operações militares contra o regime.

quinta-feira, 23 de abril de 2009

Criança!


Força que me entras pelo peito, e sem jeito me contas, que tudo pode mudar.
Sussurras, e deixas lá dentro uma porta aberta com horizontes defendidos, tão cheios de marés e de esperanças.
Arrastas contigo tudo e todos, numa felicidade ilimitada, digna de ser regada pelas mãos de uma criança.
Vê-la!
Tão pura e cheia de vida!
Vê como sorri, como te transmite harmonia e paz.
Ai criança em mim, que choras quando te contrariam, e ris quando te fazem cócegas.
Criança que cais e dolorosamente te levantas
Criança em mim, que sorri para muitos, discrimina outros, tão mortos. Coitados, o que a vida fez deles!
Sou, sou criança.
Criança, como todos nós devíamos ser.
Criança que diz que não gosta da sopa, nem de “picas”, criança que faz birras.
Mas que sabe, melhor que ninguém, sorrir…
Sou criança e vós também devias ser.
Para olhar nos olhos sem medo, porque estamos protegidos.
Para falar sem receio, pois a nossa opinião é sempre relevante.
Para aprender todos os dias.
Para achar que a vida tem ainda tanto, e tanto para mostrar.
Esta força sobe como balão, e atinge uma dimensão surreal, mas não tem qualquer mal crescer assim.
Para muitos, não passa de uma lembrança…
Mas as crianças continuam, a rir, a chorar, a levantarem-se, e a aprenderem, vezes sem conta…
Até que um dia, quem sabe, se esquecem que foram crianças…

Catarina Portela

De que Serve a Bondade .



De que serve a bondade
Quando os bondosos são logo abatidos, ou são abatidos
Aqueles para quem foram bondosos?

De que serve a liberdade
Quando os livres têm que viver entre os não-livres?

De que serve a razão
Quando só a sem-razão arranja a comida de que cada um precisa?


Em vez de serdes só bondosos, esforçai-vos
Por criar uma situação que torne possível a bondade, e melhor;
A faça supérflua!

Em vez de serdes só livres, esforçai-vos
Por criar uma situação que a todos liberte
E também o amor da liberdade
Faça supérfluo!

Em vez de serdes só razoáveis, esforçai-vos
Por criar uma situação que faça da sem-razão dos indivíduos
Um mau negócio!

Bertold Brecht, in 'Lendas, Parábolas, Crónicas, Sátiras e outros Poemas'

Liberdade.


O pior uso que se pode fazer da liberdade é abdicar dela .

quarta-feira, 22 de abril de 2009

A Imperfeição dos Nossos Sentidos.



Se os nossos sentidos fossem perfeitos, não precisávamos de inteligência; nem as ideias abstractas de nada nos serviriam. A imperfeição dos nossos sentidos faz com que não concordemos em absoluto sobre um objecto ou um facto do exterior. Nas ideias abstractas concordamos em absoluto.
Dois homens não vêem uma mesa da mesma maneira; mas ambos entendem a palavra «mesa» da mesma maneira. Só querendo visualizar uma coisa é que divergirão; isso, porém, não é a ideia abstracta da mesa.

Fernando Pessoa, in 'Ricardo Reis - Prosa'

Alma livre.



Sinto minha alma livre no universo,
Sinto o universo livre em minha alma,
Assim engrandeço e rejuvenesço,
Minha fé, minha alegria, meu amor.
Dou asas ao meu ser, sem saber aonde parar,
Vou sem pensar, e sei que vou contemplar
O brilho do lugar que minh'alma alcançar,
Voa alma, voa alma, continue em frente.
Saio de mim a todos os momentos que preciso,
Sem medo, sem preocupar aonde parar
É preciso voar é preciso continuar sem cessar
Não posso parar.
Felicidade, fé e amor, são luzes que me guiam,
Por isso tanta euforia, tanta alegria
Por isso tanta convicção de ir e não parar
Eu os encontro mas tenho que compartilhar, não posso parar.
Compartilhar o amor, que delicia
Compartilhar minha fé, que beleza
Compartilhar minha alegria de ser feliz,
Tudo é desafio mas é preciso, vou em frente.
Contudo é que me faz ter a convicção de que
Minha alma sempre estará livre no universo
O universo sempre estará livre em minh'alma.

JMAGRAOp.

Assumidos.



Eles estão saindo do armário! Pessoalmente respeito o fato assumirem essa condição. Na verdade é realmente difícil alguém assumir em público isso. Dizer "sou, e assumo", entrar sem medo nos lugares, não digo restrito, mas direcionados à esse público.

Os tempos finalmente estão mudando e estamos aprendendo que a felicidade independe das diferentes condições, e por que não dizer opções do homem.

Eu mesmo devo admitir que era. Sim, começou a acontecer quando entrei para a faculdade. Foi uma fase difícil da minha vida, onde lidei com um "eu" diferente, novo, menos aceito na sociedade, menos aceito inclusive por mim mesmo. Sim, eu era.

Há quem acredite que não exista reversão para essa condição, mas acreditem, existe. Eu mudei. Eu reverti o quadro e hoje estou muito bem como "ex". E não me importo em andar na companhia de quem é. E pasmem, mas acho que a maioria das pessoas tem tendência a ser.

Tal condição recebe diferentes tratamentos pelas pessoas. Alguns lidam como se fosse uma doença. Outros preferem insinuar que é pecado. Tem os que acham que é mera opção e os que acreditam ser genético. Em alguns lugares é tratado como epidemia.

Enfim, o que importa é que saibamos viver em harmonia, sem preconceitos de credo, cor, opção sexual e principalmente do assunto em pauta nesse texto: a obesidade!

Estava pensando que se tratava do que, pervertido?!

Daniel Lemos.

terça-feira, 21 de abril de 2009

Os Amigos .




Os amigos amei
despido de ternura
fatigada;
uns iam, outros vinham,
a nenhum perguntava
porque partia,
porque ficava;
era pouco o que tinha,
pouco o que dava,
mas também só queria
partilhar
a sede de alegria —
por mais amarga.

Eugénio de Andrade, in "Coração do Dia"

Selo de amizade.


Recebi este “selo” da minha querida amiga,Angela guedes
Do blog http:///angelabeneguedes.blogspot.com/


Obrigada pela a amizade, querida amiga.


Aqui vão as Regras:
1 - Exibir a imagem
2 - Postar o link do blog que o premiou
3 - Publicar regras
4 - Indicar 10 blogs para receber o selo
5 - Avisar os indicados

Meus indicados:


CELYLUA - O BLOG DAS LETRAS...
ecos de palavras
FERNANDA & POEMAS
Momentos de vida
Momentos meus
Pedaçinhos de mim...
Simplesmente Manuela
Tomar, a Cidade!
DEUSA ODOYÁ!
METAFÍSICA DA COINCIDÊNCIA

Dia Mundial do Livro .


A Biblioteca Municipal Alexandre O'Neill comemora o Dia Mundial do Livro
Dia 23 de Abril
Para celebrar o Dia Mundial do Livro que se comemora na próxima quinta-feira, 23 de Abril, vai a Biblioteca Municipal Alexandre O´Neill promover a Maratona de Contos, que se assume como um incentivo à leitura, à expressividade e à partilha de saberes, através de contos que transformam um simples livro num mundo mágico onde tudo pode acontecer. Como diz o povo, as histórias são como as cerejas, que se contam e recontam num desfiar de imaginação e criatividade.

Assim, no Dia Mundial do Livro, vai realizar-se uma sessão de contos para crianças, narrados por convidados de diferentes áreas profissionais, que irão contar uma pequena história de forma muito própria e singular.

Posteriormente terá lugar uma sessão protagonizada por um contador de histórias d´ A Camaleão - Associação Cultural, que através de uma forma divertida e apelativa irá encantar e surpreender o público, contribuindo para a criação de pontes entre crianças e adultos e para a formação de novos leitores.

Aberta à comunidade em geral, esta iniciativa decorrerá na Biblioteca Municipal Alexandre O´Neill às 10.30H e às 14.00H, sendo que a participação implica inscrição obrigatória.

Para informações ou esclarecimentos adicionais deverão os interessados contactar a Biblioteca Municipal Alexandre O´Neill através do número de telefone 249 739 367 ou via correio electrónico para biblioteca@cm-constancia.pt.
Leia mais. Viva mais.

Por CMC

Literatura


É sem dificuldade que o autor se move por entre os últimos dias da Segunda Guerra Mundial, na frente oriental, e na actual cidade de Oslo, arquitectando uma complexa história de assassinato, vingança e traição. O inspector Harry Hole, um alcoólico em recuperação e recentemente transferido para o Serviço de Segurança Pública norueguês, fica de vigiar Sverre Olsen, um neonazi corrupto que escapou à condenação devido a um pormenor técnico. Mas o que começa por ser uma missão com o intuito de colocar Olsen atrás das grades, rapidamente passa a ser uma corrida contra o tempo para impedir um assassinato. À medida que Hole se esforça para permanecer um passo à frente de Olsen e do seu gang de skinheads, Nesbø leva o leitor de volta à Segunda Guerra Mundial, onde os noruegueses que lutam a favor de Hitler tentam equilibrar uma guerra destinada à derrota na frente oriental. Quando as duas linhas de acção finalmente colidem, cabe a Hole travar um homem decidido a levar a cabo a execução de um plano letal elaborado há meio século nas trincheiras de Leninegrado.

segunda-feira, 20 de abril de 2009

Abelhas.


Uma boa abelha não pousa em flores murchas !

Não Digas Nada!




Não digas nada!
Nem mesmo a verdade
Há tanta suavidade em nada se dizer
E tudo se entender —
Tudo metade
De sentir e de ver...
Não digas nada
Deixa esquecer

Talvez que amanhã
Em outra paisagem
Digas que foi vã
Toda essa viagem
Até onde quis
Ser quem me agrada...
Mas ali fui feliz
Não digas nada.

Fernando Pessoa, in "Cancioneiro"

Culpa.



“Vai ser rápido. Dói menos que uma cólica forte”. Falou o médico, enquanto pedia para ajustar meu corpo na maca. Cheguei-o bem para frente e as pernas se encaixaram perfeitamente naqueles braços gelados de metal. Uma de cada lado, ele ao meio, concentrado. “Não se mexe”, falou com um tom mais sério, enquanto enfiava um tubo estranho dentro de mim. Meus olhos fixos no teto, as mãos suadas apertavam com força uma outra mão amiga. “Ele não quis vir” murmurei olhando dentro dos olhos dela. Olhos cúmplices que me entendiam. “Vou começar”, nos interrompeu o homem do jaleco branco. Tremi. Não porque o quarto era gelado. Mas por temer ser um monstro, um demônio, uma assassina. O pior de tudo foi que ele (o do jaleco) mentiu: aquilo doía muito mais que uma cólica forte. Parecia que todos os meus órgãos estavam saindo por aquela fina cânula. E também, como num compasso, os meus sonhos maternos, as brincadeiras de “casinha” onde sempre era a mãe, o olhar de ternura pros bebês dos outros que queria carregar, sentindo-os meus. Previamente meus. Compreendi bem cedo que toda mulher é mãe ao nascer, sem nem saber. Mas era tarde. Ouvia o som da máquina — trituradora de pedaços humanos ensangüentados — fazendo seu trabalho. E a culpa, culpa, culpa latejando, pulsando, gritando que aqueles pedacinhos humanos que seriam jogados fora daqui a nada, poderiam um dia dizer “mamãe” e me arrancar sorrisos patéticos de pais. Podia ser um médico, engenheiro, advogado, escritor, poeta, podia não ser nada disso e mesmo assim ser tudo, para mim. Mas eu não quis. E me espantaram as palavras secas do médico ao findar o serviço que o enriquecia: “Pronto. Você voltou a ser como antes”. Eu olhei e não vi ninguém. Mas ainda assim falei: “Eu nunca mais vou ser como antes”. Ele, retornando o olhar em mim, respondeu espremendo ferinamente o olho esquerdo: “Não exagere. Se cuide para não precisar voltar. Porque a maioria volta”. Ouvindo isso, pasma, vi naquele bicho qualquer coisa que lembrava o Frankenstein. Ou quem sabe um escarro, pus, secreção, casca de ferida seca que a gente arranca com o dedo, um espelho, eu mesma. Falar isso é um absurdo, pensei. E, um ano depois, voltei.

Débora Lázaro de Almeida

domingo, 19 de abril de 2009

O amor


O amor é a poesia dos sentidos. Ou é sublime, ou não existe. Quando existe, existe para sempre e vai crescendo dia a dia.

Caderno bom.




Caderno bom que abriga minhas linhas
És como o tom que musica as sonoras trilhas
Com cujo som se harmoniza o pensamento
E as lembranças dão-se vivas no momento
Escrevo em ti; boto a fora maravilhas
Me torno inteiro; mais que outrora: muitas ilhas.
Com muito esmero
Te organizo as palavras
Estas quais não verbalizo
Desabafo em conto as lágrimas
Escorro em teu corpo liso.
Estranho se não correspondes
Com o nível da caneta
Ao expor na tua fronte
O que vejo com a luneta
O que vejo de outro canto
De frente, diante, de cima, de lado
Olheiro esquisito, caderno bonito
O olhar pelo avesso não chega atrasado.



Dudu Gemmal

Alguma mágoa.



Vinha trazendo no coração uma mágoa antiga que só fazia doer. Não sabia o que fazer com ela. E como apertava... E como doía... Ficava ela ali no canto esquerdo, bem quieta. Dava os ares de sua graça nas horas mais impensáveis. E como manchava... E como mexia... Pulava no peito como bola desgovernada que desce a ladeira sem olhar para os lados. Queria esquecê-la. Queria traí-la. Trancá-la lá fora sem pena da chuva. Deixando-a molhar como pano de porta, que sem borda aos poucos se encharca. Queria poder juntá-la com as mãos e com desespero de marujo perdido, arrancá-la para fora do barco. Deixá-la à deriva em companhia das ondas. Ela que se salvasse. Que se afogasse lentamente na imensidão fria dos mares. De longe eu acenaria em meu iate invencível, lamentando por não ter feito isso há mais tempo. Feliz por ter extirpado todo o tumor. Chegaria em casa tranqüila, talvez cansada da viagem. Tomaria uma Novalgina e iria cheia de graça pra cama. Sonharia com cores impossíveis e palavras ainda perdidas. Acordaria plena. Descansada. Completamente feliz. Escreveria meus versos roubados do invisível e ouviria os sons capturados do mundo. Prosseguiria vivendo a procura do irreal e do permitido. E seria feliz se não fosse a falta que se alojaria no peito clamando pela mágoa uma vez perdida, a reclamar junto com a lua sua ausência.

Alice Venturi.

sábado, 18 de abril de 2009