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segunda-feira, 27 de abril de 2009
Isabelle.
Ela é stripper na internet. Tem um filho de cinco anos. Mora em Hong-Kong. Tem suores noturnos que acrescem ainda mais a umidade relativa do ar — as pás do ventilador estampando toxinas na parede. Contempla a ausência de murmúrio, rastro qualquer de seu exílio, e ama insensatamente um homem que não quer ser seu. O corpo de contornos arredondados. Tem vaidades, veleidades. Entre rendas e cetim, solta os cabelos ao vento, mata baratas e sorri subterrâneos inteiros. Ninguém sabe, mas Isabelle é hipocondríaca e pretende, ante o lirismo dilacerado, jogar no vaso sanitário a cartela de prozac e toda a perspicácia aviltada. Tudo está nos devidos lugares. Inclusive os livros. Entre paredes e portas, com a singularidade resguardada pelo enquadramento da câmera, ela tira uma a uma as peças de roupa em frente ao computador. Está protegida de assaltos e das doenças. Tem todos os modos de reunir seus talentos e o exibir-se. Então para quê sustentar esse amarelo? De calcinha e soutien ela dança e faz malabarismos. Sorri carmim.
Clotilde Zingali
Texto extraído do livro "40 possíveis maneiras de se descascar uma mulher",
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1 comentário:
ESTAS ALMAS, QUE SE NOS VÃO DEPARANDO Á NOSSA FRENTE, SÃO SERES SOFREDORES COM TODA A CERTEZA, E ENCONTRANDO UMA FORMA DE DISTRAIO, AGARRAM-SE A ESSA (COISA) COMO SE DE UMA ROCHA SE TRATASSE.-SÃO ANIMAIS EM FUGA PARA LADO NENHUM,-LEVANTANDO APENAS POEIRAS AO VENTO, COM QUE SE VÃO CEGANGO A SI PRÓPRIAS,E ASSIM VÃO VIVENDO ENVOLTAS NA PENUMBRA DE UMA NEBULOSA..DISSE ----DE COIMBRA.
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