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sexta-feira, 12 de junho de 2009

Hora Mística .




Noite caindo ... Céu de fogo e flores.
Voz de Crepúsculo exalando cores,
O céu vai cheio de Deus e de harmonia.
Silêncio ... Eis-me rezando aos fins do dia.

Névoa de luz criando imagens na água,
Nome das águas esculpindo os céus,
Tarde aos relevos húmidos de frágua,
Boca da noite, eis-me rezando a Deus.

Eis-me entoando, a voz de cinza e ouro,
— Oh, cores na água vindo às mãos em branco! —
Minha ópera de Sol ao último arranco.

E, oh! hora mística em que o olhar abraso,
— Sol expirando aos Pórticos do Ocaso! —
Dobra em meu peito um oceano em coro.

Afonso Duarte, in "Tragédia do Sol-Posto

Santos populares.


Santo Antônio de Lisboa
Era um grande pregador
Mas é por ser Santo Antônio
Que as moças lhe têm amor.









A profundidade dos textos doutrinários de santo Antônio fez com que em 1946 o papa Pio XII o declarasse doutor da igreja. No entanto, o monge franciscano conhecido como santo Antônio de Pádua ou de Lisboa tem sido, ao longo dos séculos, objeto de grande devoção popular.
Sua veneração é muito difundida nos países latinos, principalmente em Portugal e no Brasil. Padroeiro dos pobres e casamenteiro, é invocado também para o encontro de objetos perdidos. Sobre seu túmulo, em Pádua, foi construída a basílica a ele dedicada.

quinta-feira, 11 de junho de 2009

Memórias.


O mundo avança. É verdade, disse eu, avança, mas dando voltas em torno do sol. (...) Os adolescentes da minha geração, alvoraçados pela vida, esqueceram em corpo e alma as ilusões do futuro, até que a realidade lhes ensinou que o futuro não era como o sonhavam, e descobriram a nostalgia. Ali estavam as minhas crónicas dominicais, como uma relíquia arqueológica entre os escombros do passado, e aperceberam-se que não eram só para velhos mas também para jovens que não tivessem medo de envelhecer.

Gabriel García Marquez, in 'Memória das Minhas Putas Tristes'

Um Amor




Aproximei-me de ti; e tu, pegando-me na mão,
puxaste-me para os teus olhos
transparentes como o fundo do mar para os afogados. Depois, na rua,
ainda apanhámos o crepúsculo.
As luzes acendiam-se nos autocarros; um ar
diferente inundava a cidade. Sentei-me
nos degraus do cais, em silêncio.
Lembro-me do som dos teus passos,
uma respiração apressada, ou um princípio de lágrimas,
e a tua figura luminosa atravessando a praça
até desaparecer. Ainda ali fiquei algum tempo, isto é,
o tempo suficiente para me aperceber de que, sem estares ali,
continuavas ao meu lado. E ainda hoje me acompanha
essa doente sensação que
me deixaste como amada
recordação.

Nuno Júdice, in "A Partilha dos Mitos"

Pânico !


Há épocas em que a sociedade, tomada de pânico, se desvia do caminho e procura a salvação na ignorância ...

quarta-feira, 10 de junho de 2009

Amor é fogo...




Amor é fogo que arde sem se ver;
É ferida que dói e não se sente;
É um contentamento descontente;
É dor que desatina sem doer;

É um não querer mais que bem querer;
É solitário andar por entre a gente;
É nunca contentar-se de contente;
É cuidar que se ganha em se perder;

É querer estar preso por vontade;
É servir a quem vence, o vencedor;
É ter com quem nos mata lealdade.

Mas como causar pode seu favor
Nos corações humanos amizade,
Se tão contrário a si é o mesmo Amor?

Luís de Camões

10 de Junho.




No dia 10 de Junho celebramos o Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas.

Quando nasceu este feriado?
O 10 de Junho nasceu com a República quando Lisboa escolheu para feriado municipal o 10 de Junho, em honra de Camões.
Camões representava o génio da pátria, representava Portugal na sua dimensão mais esplendorosa e mais genial e era este o significado que os republicanos atribuíam ao 10 de Junho.

O 10 de Junho, dia de Camões, começou a ser festejado a nível nacional com o Estado Novo, um regime instituído em Portugal em 1933, sob a direcção de António de Oliveira Salazar.

O Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas é pois um tributo à data do falecimento de Luís Vaz de Camões em 1580, é utilizada para relembrar os feitos passados do povo lusitano E também os milhões de Portugueses que vivem fora do seu país natal.

Procurar!


O maior pensar da criatura humana é comer; desde que o homem nasce, até que morre ,anda a procurar o pão para a boca ...

terça-feira, 9 de junho de 2009

Os Anos são Degraus .




Os anos são degraus, a Vida a escada.
Longa ou curta, só Deus pode medi-la.
E a Porta, a grande Porta desejada,
só Deus pode fechá-la,
pode abri-la.

São vários os degraus; alguns sombrios,
outros ao sol, na plena luz dos astros,
com asas de anjos, harpas celestiais.
Alguns, quilhas e mastros
nas mãos dos vendavais.

Mas tudo são degraus; tudo é fugir
à humana condição.
Degrau após degrau,
tudo é lenta ascensão.

Senhor, como é possível a descrença,
imaginar, sequer, que ao fim da Estrada,
se encontre após esta ansiedade imensa
uma porta fechada
e mais nada?

Fernanda de Castro, in "Asa do Espaço"

A Evidência



Ainda que pasmem os leitores, ainda que não acreditem e passem, doravante, a chamar este escritor de mentiroso e fátuo, a verdade é que, certo dia que não adianta precisar, entraram num restaurante de luxo, que não me interessa dizer qual seja, um ratinho gordo e catita e um enorme tigre de olhar estriado e grandes bigodes ferozes. Entraram e, como sucede nas histórias deste tipo, ninguém se espantou, muito menos o garçon do restaurante. Era apenas mais um par de fregueses. Entrados os dois, ratinho e tigre, escolheram uma mesa e se sentaram. O garçon andou de lá prá cá e de cá prá lá, como fazem todos os garçons durante meia hora, na preliminar de atender fregueses mas, afinal, atendeu-os, já que não lhe restava outra possibilidade, pois, por mais que faça um garçon, acaba mesmo tendo que atender seus fregueses. Chegou pois o garçon e perguntou ao ratinho o que desejava comer. Disse o ratinho, numa segurança de conhecedor - "Primeiro você me traga Roquefort au Blinnis. Depois Couer de Baratta filet roti à la broche pommes dauphine. Em seguida Medaillon Lagartiche Foie Gras de Strasbourg. E, como sobremesa, me traga um Parfait de biscuit Estraguèe avec Cerises Jubilée. Café. Beberei, durante o jantar, um Laffite Porcherrie Rotschild 1934.


— Muito bem - disse o garçon. E, dirigindo-se ao tigre — E o senhor, que vai querer?

— Ele não quer nada — disse o ratinho.

— Nada? — tornou o garçon — Não tem apetite?

— Apetite? Que apetite? — rosnou o ratinho enraivecido — Deixa de ser idiota, seu idiota! Então você acha que se ele estivesse com fome eu ia andar ao lado dele?

MORAL: É NECESSÁRIO MANTER A LÓGICA MESMO NA FANTASIA.

(Millôr Fernandes)

Juízo !


Queixam-se muitos de pouco dinheiro, outros de pouca sorte, alguns de pouca memória, nenhum de pouco juízo ...

segunda-feira, 8 de junho de 2009

Jovens.


A juventude mostra o homem tal como a manhã mostra o dia .

O Caminho da Felicidade.



Um sábio perguntava a um louco qual era o caminho da felicidade. O louco respondeu-lhe imediatamente, como alguém a quem se pergunta o caminho da cidade vizinha: «Admira-te a ti mesmo e vive na rua». «Alto lá», exclamou o sábio, «pedes demais, basta já que nos admiremos!» E o louco respondeu logo: «Mas como admirar sem cessar se não nos desprezarmos constantemente?»

Friedrich Nietzsche, in "A Gaia Ciência"

Quase.



O amor nasce velho em qualquer coração;
é fruto tardio
de ancestralidades feridas,
de descompassos hereditários,
do choro antigo das várias gerações,
resultado inebriante
dessa magia de converter lágrimas
numa quase-cachaça.


Todo amor nasce marcado
de lutas recentes, mas findas;
soldado conhecedor de cada canto
do seu campo de batalha,
dos requintes militares,
dos artifícios bélicos
da marcial arte de amar;
discípulo virado em mestre,
professor da triste ciência
de tornar sangue
num quase-veneno.


Todo amor nasce maduro.
Superada a longa seca,
a intempérie,
eis que surge indene
com a esperança perene
de uma vida
que é quase-renúncia.


Todo amor nasce morto,
já vivido, já cantado,
já doído, já amado.


Todo amor nasce duro,
escudo
de ancião experimentado,
que esconde um quase-menino
indefeso.


Todo amor nasce quase;
e se é todo, não o é.

Todo amor nasce pedra
perpétua, e perdura
na solidez de um silêncio
que é quase confissão.

Anderson Piva

domingo, 7 de junho de 2009

Pintura.

(tela de Sara Santareno.)



Onde se diz espiga
leia-se narciso.
Ou leia-se jacinto.
Ou leia-se outra flor.
Que pode ser a mesma.

As flores
são formas
de que a pintura se serve
para disfarçar
a natureza. Por isso
é que
no perfil
duma flor
está também pintado
o seu perfume.

Albano Martins, in "Castália e Outros Poemas"

Idades...


Todas as idades têm os seus frutos, mas é preciso sabê-los colher

Cortejo Quinhentista


Grandioso Cortejo Quinhentista em Constância
mais de 350 figurantes desfilam na vila no próximo dia 10 de Junho No próximo dia 10 de Junho, Constância assiste a um grandioso Cortejo Quinhentista com mais de 350 figurantes, uma iniciativa dinamizada pelo Agrupamento de Escolas de Constância, que integra as XIV Pomonas Camonianas e as comemorações do Dia de Camões, de Portugal e das Comunidades Portuguesas.

Assim, a partir das 16.30H, com início na Escola Básica e Secundária Luís de Camões, músicos, estandartes, escudeiros, nobres, a burguesia, o povo e os cavaleiros descem a vila em cortejo até ao monumento a Camões, para aí dinamizarem um Sarau Quinhentista composto por uma Ceia, Danças Renascentistas, Declamões (poesia) e pelo Jantar do Povo.

Para além do Cortejo Quinhentista, o programa das XIV Pomonas Camonianas, que decorrem nos próximos dias 9, 10, 11 e 12 de Junho integra diversas iniciativas: um mercado quinhentista onde são vendidos os frutos e as flores referidos por Camões na sua obra, figurantes trajados ao modo da época; Os Encontros do Cantar Diferente com Pedro Barroso, Francisco Ceia e Luísa Bastos, uma Prova de Orientação Nocturna (dia 9); uma Feira de Antiguidades e Velharias, Inauguração do Arquivo Municipal, Deposição de Coroas de Flores, Teatro Auto da Barca do Inferno pelo Fatias de Cá (dia 10); Animação de Rua pelos alunos da Escola Básica e Secundária Luís de Camões (dia 11); As escolas vão às Pomonas – Actividade Pedagógica (dia 12), várias exposições e muita animação.
Por CMC

sábado, 6 de junho de 2009

Scorpions.

Aparências.


Muitas vezes parece que o diabo bate à nossa porta, mas é simplesmente o limpa-chaminés !!!

Para todos os meu amigos e amigas .




De entre todos, apenas vós
tendes direito a ver-me
fracassar. Onde caio
entre a vossa irónica
doçura implacável, convosco
partilho o pão e o espaço
e a rapidez dos olhos
sobre o que fica (sempre)
para dar ou dizer.
E de vós me levanto
e vos levo pesando
e ardendo até onde
me ajudais a ser
melhor ou talvez
menos só.

Vítor Matos e Sá, in 'Companhia Violenta'

sexta-feira, 5 de junho de 2009

A língua girava no céu da boca.


Girava! Eram duas bocas, no céu único.

O sexo desprendera-se de sua fundação, errante imprimia-nos seus traços de cobre. Eu, ela, elaeu.

Os dois nos movíamos possuídos, trespassados, eleu. A posse não resultava de ação e doação, nem nos somava. Consumia-nos em piscina de aniquilamento. Soltos, fálus e vulva no espaço cristalino, vulva e fálus em fogo, em núpcia, emancipados de nós.

A custo nossos corpos, içados do gelatinoso jazigo, se restituíram à consciência. O sexo reintegrou-se. A vida repontou: a vida menor.


Extraído do livro "O amor natural

Quase um Poema de Amor .




Há muito tempo já que não escrevo um poema
De amor.
E é o que eu sei fazer com mais delicadeza!
A nossa natureza
Lusitana
Tem essa humana
Graça
Feiticeira
De tornar de cristal
A mais sentimental
E baça
Bebedeira.

Mas ou seja que vou envelhecendo
E ninguém me deseje apaixonado,
Ou que a antiga paixão
Me mantenha calado
O coração
Num íntimo pudor,
— Há muito tempo já que não escrevo um poema
De amor.

Miguel Torga, in 'Diário V'

Lar.


O lar é onde o coração do homem cria raízes ...

quinta-feira, 4 de junho de 2009

Constância vai ter novo Arquivo Municipal .



No próximo dia 10 de Junho
O Arquivo Municipal de Constância tem a sua abertura ao público marcada para o dia 10 de Junho de 2009, unindo-se à celebração do Dia de Portugal, de Camões, das Comunidades Portuguesas e às Pomonas Camonianas.

Em 2002, o Município de Constância candidatou-se ao PARAM (Programa de Apoio à Rede de Arquivos Municipais), para adaptação de edifício existente, designado por Casa Amarela, para Arquivo Municipal.

No final desse ano, foi assinado o contrato-programa entre o Instituto dos Arquivo Nacionais/ Torre do Tombo e a Câmara Municipal de Constância, sendo a comparticipação da Torre do Tombo de 50 % do valor total da obra de implantação, que no global reflecte um investimento de cerca de 320 000€.

Posteriormente, a Câmara Municipal de Constância, avançou faseadamente com a aquisição de múltiplos equipamentos, nomeadamente, estanteria para os depósitos, instalação de recursos informáticos que potencializem a implementação de um plano de incorporação de fontes externas ao Arquivo, mais concretamente, através da digitalização de fundos documentais privados de relevância para a memória e testemunho do concelho, e apetrechamento da Sala de Consulta e Leitura Pública e Recepção, contando esta última com um sistema de apoio à realização de exposições temporárias, dotando-a de múltiplas valências, o que no total implicou um investimento de cerca de 75 000€., suportados pelo orçamento municipal.

Assim, o tratamento, divulgação e o acesso à documentação são vectores fundamentais para a prossecução dos objectivos estratégicos do Arquivo. A comunicação docu¬mental é efectuada através da Sala de Consulta e Leitura Pública, com acesso à documentação de natureza histórica, através de recursos tecnológicos informáticos, dispondo ainda os utilizadores de uma biblioteca especializada em livre acesso, de apoio à investigação científica e académica, cujos temas centrais versam essencialmente sobre história local e do municipalismo e dois postos de acesso à Internet. A Sala de Consulta e Leitura Pública oferece ainda 8 postos de trabalho individuais e um posto de trabalho capaz de receber grupos de quatro pessoas.

Relativamente ao Arquivo Histórico, este concentra documentação desde o século XIX, pertencente ao fundo da Câmara Municipal e ao fundo da Administração do Concelho, incluindo documentação tão variada como Actas de Vereação e Livro de Actas (desde 1847), Recenseamentos Eleitorais e Militares (desde 1842), Testamentos (desde 1840), entre outras.
Por CMC

Existência.


De meros vazios se constrói o recheio da existência humana !

Era a mulher.


— A mulher nua e bela,
Sem a impostura inútil do vestido
Era a mulher, cantando ao meu ouvido,
Como se a luz se resumisse nela...
Mulher de seios duros e pequenos
Com uma flor a abrir em cada peito.
Era a mulher com bíblicos acenos
E cada qual para os meus dedos feito.
Era o seu corpo — a sua carne toda.
Era o seu porte, o seu olhar, seus braços:
Luar de noite e manancial de boda,
Boca vermelha de sorrisos lassos.
Era a mulher — a fonte permitida
Por Deus, pelos Poetas, pelo mundo...
Era a mulher e o seu amor fecundo
Dando a nós, homens, o direito à vida!

Pedro Homem de Mello, in "Miserere"

quarta-feira, 3 de junho de 2009

Abraçar...


"Ao receberem e darem os seus pensamentos, as pessoas comunicam entre si como nos beijos e abraços."

Leitura.


Durante a leitura a nossa cabeça é apenas o campo de batalha de pensamentos alheios .

Literatura.


Friederich Nietzsche, o maior filósofo da Europa, está no limite de um desespero suicida, incapaz de encontrar cura para as insuportáveis enxaquecas que o afligem. Josef Breuer, médico distinto e um dos pais da Psicanálise, aceita tratar o filósofo com uma terapia nova e revolucionária: conversar com Nietzsche e, assim, tornar-se um detective na sua cabeça.

Pelas ruas, cemitérios e casas de chá da Viena do sec. XIX, estes dois gigantes do seu tempo vão conhecer-se um ao outro e, fundamentalmente, conhecer-se a si próprios.E no final não é apenas Nietzsche que exorciza os seus fantasmas. Também Breuer encontra conforto naquelas sessões e descobre a razão dos seus próprios pesadelos, insónias e obsessões sexuais.

Quando Nietzsche Chorou funde realidade e ficção, ambiente e suspense, para desvendar uma história superior sobre amor, redenção e o poder da amizade.

terça-feira, 2 de junho de 2009

Teus Olhos;




Teus olhos são a pátria do relâmpago e da lágrima,
silêncio que fala,
tempestades sem vento, mar sem ondas,
pássaros presos, douradas feras adormecidas,
topázios ímpios como a verdade,
outono numa clareira de bosque onde a luz canta no ombro
duma árvore e são pássaros todas as folhas,
praia que a manhã encontra constelada de olhos,
cesta de frutos de fogo,
mentira que alimenta,
espelhos deste mundo, portas do além,
pulsação tranquila do mar ao meio-dia,
universo que estremece,
paisagem solitária.

Octavio Paz, in "Liberdade sob Palavra"

Tentação...


O problema de resistir a uma tentação é que não podemos ter uma segunda oportunidade .

Café ao Luar;




Integradas nas Comemorações do Ano Internacional da Astronomia, que se assinala no corrente ano de 2009, o Centyro Ciência Viva de Constância - Parque de Astronomia, promove sessões de observação da lua e de Saturno, através de telescópios, na primeira semana de Junho, das 21 às 22.30 horas, nas seguintrs locais do Concelho:

Dia 1 de Junho

Montalvo: Casa do Povo
Constância: Café Os Arcos
Vale de Mestre: Central Parque

Dia 2 de Junho

Malpique: Café Progresso
Portela: Sociedade Recreativa POrtelense
Pereira: Fonte da Ti Ana

Dia 4 de Junho

Aldeia: Café Zangarilho
Constância Sul: Café Sobe e Desce
Por CMC

XI Encontros do Cantar Diferente .


Pedro Barroso, Francisco Ceia e Luísa Bastos nos XI Encontros do Cantar Diferente
Constância - 9 de Junho, 22 Horas
No próximo dia 9 de Junho, Pedro Barroso, o grande trovador da música portuguesa, é o anfitrião da iniciativa Encontros do Cantar Diferente, um evento que já vai na sua XI edição e que decorrerá no âmbito das XIV Pomonas Camonianas, uma actividade que terá lugar em Constância, nos próximos dias 9, 10, 11 e 12 de Junho.

O espectáculo terá início às 22 horas, no Anfiteatro dos Rios, e conta este ano com a presença de dois grandes nomes da música portuguesa: Francisco Ceia e Luísa Bastos.

Os Encontros do Cantar Diferente são uma ideia original de Pedro Barroso que, além de músico, autor e compositor, assina também a produção deste espectáculo, que já data de 1997.

Por um dia, o palco do Anfiteatro dos Rios, em Constância, transforma-se numa verdadeira sala de estar, onde, entre músicas e conversas, o anfitrião Pedro Barroso recebe amigos, grandes nomes do panorama musical português. Por este palco já passaram Manuel Freire, José Mário Branco, José Fanha, João Afonso, Vitor Silva, Carlos Mendes, Francisco Fanhais, Fernando Tordo, Samuel, o Maestro Vitorino d’ Almeida, Janita Salomé, Carlos Alberto Moniz, Zeca Medeiros, José Cid, Afonso Dias, Paulo de Carvalho, Francisco Naia, Ricardo Parreira, Fernando Alvim e Paco Bandeira.

Para além dos Encontros do Cantar Diferente, o programa das XIV Pomonas Camonianas integra diversas iniciativas: um mercado quinhentista onde são vendidos os frutos e as flores referidos por Camões na sua obra, figurantes trajados ao modo da época; uma Prova de Orientação Nocturna (dia 9); uma Feira de Antiguidades e Velharias, Inauguração do Arquivo Municipal, Deposição de Coroas de Flores, Sarau Quinhentista, Teatro Auto da Barca do Inferno pelo Fatias de Cá (dia 10); Animação de Rua pelos alunos da Escola Básica e Secundária Luís de Camões (dia 11); várias exposições e muita animação.
Por CMC

segunda-feira, 1 de junho de 2009

Sem palavras...

Criança .




Cabecinha boa de menino triste,
de menino triste que sofre sozinho,
que sozinho sofre, — e resiste,

Cabecinha boa de menino ausente,
que de sofrer tanto se fez pensativo,
e não sabe mais o que sente...

Cabecinha boa de menino mudo
que não teve nada, que não pediu nada,
pelo medo de perder tudo.

Cabecinha boa de menino santo
que do alto se inclina sobre a água do mundo
para mirar seu desencanto.

Para ver passar numa onda lenta e fria
a estrela perdida da felicidade
que soube que não possuiria.

Cecília Meireles, in 'Viagem'

A propósito do dia mundial da criança...


A palavra ''progresso'' não terá qualquer sentido enquanto houver crianças infelizes!

domingo, 31 de maio de 2009

obstáculos.


O homem descobre-se quando se mede com um obstáculo .

Ansiedade




Quero compor um poema
onde fremente
cante a vida
das florestas das águas e dos ventos.

Que o meu canto seja
no meio do temporal
uma chicotada de vento
que estremeça as estrelas
desfaça mitos
e rasgue nevoeiros — escancarando sóis!

Manuel da Fonseca, in "Poemas Dispersos"

Vence a Tua Inércia!



O destino que nos oprime é a inércia do nosso espírito. Através do alargamento e formação da nossa actividade transmutamo-nos, nós próprios, em Destino.
Tudo parece fluir para nós vindo do exterior, porque nós não fluímos para o exterior. Somos negativos, apenas, porque o queremos - quanto mais positivos nos tornarmos, mais negativo será o mundo à nossa volta - até que, por fim, já não haverá negação e nós seremos tudo em tudo.
Deus quer deuses.
Se o nosso corpo, em si mesmo, não é senão um centro de acção comum dos nossos sentidos - se nós possuímos o domínio dos nossos sentidos - se os podemos fazer agir à vontade - se os podemos centrar em comunidade, então não depende senão de nós o darmos a nós próprios o corpo que queremos.
Sim, se os nossos sentidos não são senão modificações do órgão pensante - do elemento absoluto - então poderemos, também, pela dominação deste elemento, modificar e dirigir, como nos agradar, os nossos sentidos.

Friedrich von Novalis, in "Fragmentos"

sábado, 30 de maio de 2009

Fascinacion.



Bom fim de semana e façam o favor de serem felizes.

Infância .




Sonhos
enormes como cedros
que é preciso
trazer de longe
aos ombros
para achar
no inverno da memória
este rumor
de lume:
o teu perfume,
lenha
da melancolia.

Carlos de Oliveira, in 'Cantata'

Vida...


Como é a história da sua vida? Vire a página do ontem e reescreva-a, hoje, com a tinta da esperança no amanhã. Como não dá para mudar o passado, tente escrever um novo futuro

sexta-feira, 29 de maio de 2009

És um homem, se...


És Um HOMEM, Se...

Se és capaz de conservar o teu bom senso e a calma,
Quando os outros os perdem, e te acusam disso,

Se és capaz de confiar em ti, quando te ti duvidam
E, no entanto, perdoares que duvidem,

Se és capaz de esperar, sem perderes a esperança
E não caluniares os que te caluniam,

Se és capaz de sonhar, sem que o sonho te domine,
E pensar, sem reduzir o pensamento a vício,

Se és capaz de enfrentar o Triunfo e o Desastre,
Sem fazer distinção entre estes dois impostores,

Se és capaz de ouvir a verdade que disseste,
Transformada por canalhas em armadilhas aos tolos,

Se és capaz de ver destruído o ideal da vida inteira
E construí-lo outra vez com ferramentas gastas,

Se és capaz de arriscar todos os teus haveres
Num lance corajoso, alheio ao resultado,
E perder e começar de novo o teu caminho,
Sem que ouça um suspiro quem seguir ao teu lado,

Se és capaz de forçar os teus músculos e nervos
E fazê-los servir se já quase não servem,
Sustentando-te a ti, quando nada em ti resta,
A não ser a vontade que diz: Enfrenta!

Se és capaz de falar ao povo e ficar digno
Ou de passear com reis conservando-te o mesmo,

Se não pode abalar-te amigo ou inimigo
E não sofrem decepção os que contam contigo,

Se podes preencher todo minuto que passa
Com sessenta segundos de tarefa acertada,

Se assim fores, meu filho, a Terra será tua,
Será teu tudo que nela existe

E não receies que te o tomem,

Mas (ainda melhor que tudo isto)
Se assim fores, serás um HOMEM.

Rudyard Kipling

Quem não Ama, Desmente a Natureza




Se a flor namora a flor que lhe é vizinha,
Se uma palma com outra enlaça os ramos,
Se nos prados, com cândidos reclamos,
Namora uma avezinha outra avezinha.

Se o mundo o seu Autor quando o sustinha,
Nos eixos do poder, que acreditamos,
Na longa rotação que divisamos,
Viu que, para o suster, Amor convinha:

Se Amor é um dever que impresso existe
Em tudo que vegeta a redondeza,
Em que o governo universal consiste:

Quem se exime de amor e a Amor despreza?
Quem ataca esta Lei? Quem lhe resiste?
Quem não ama, desmente a Natureza.

Francisco Joaquim Bingre, in 'Sonetos'

Cultura e lazer.


O Mirante - diário online - Cultura & Lazer - Duzentos e cinquenta figurantes no cortejo das Pomonas Camonianas de Constância

quinta-feira, 28 de maio de 2009

Amanhecer.


Se os sonhos não pudessem criar novos tempos, se a esperança não iluminasse cada amanhecer, se a cada novo dia não pudessemos escrever uma nova história, a vida seria repleta de certezas. Mas, a vida é cheia de incertezas, e é isso que nos estimula a sonhar e a depositar nossas esperanças no amanhã, sabendo que, o hoje é uma fonte inesgotável de possibilidades de ser feliz.

Paixão Secreta.




Acordei com os primeiros pássaros,
já minha lâmpada morria.
Fui até à janela aberta e sentei-me,
com uma grinalda fresca
nos cabelos desatados...
Ele vinha pelo caminho
na névoa cor de rosa da manhã.
Trazia ao pescoço
uma cadeia de pérolas
e o sol batia-lhe na fronte.
Parou à minha porta
e disse-me ansioso:
— Onde está ela?
Tive vergonha de lhe dizer:
— Sou eu, belo caminhante,
sou eu.

Anoitecia
e ainda não tinham acendido as luzes.
Eu atava o cabelo, desconsolada.
Ele chegava no seu carro
todo vermelho, aceso pelo sol poente.
Trazia o fato cheio de poeira.
Fervia a espuma
na boca anelante dos seus cavalos...
Desceu à minha porta
e disse-me com voz cansada:
— Onde está ela?
Tive vergonha de lhe dizer:
— Sou eu, fatigado caminhante,
sou eu.

Noite de Abril.
A lâmpada arde neste meu quarto
que a brisa do Sul
enche suavemente.
O papagaio palrador
dorme na sua gaiola.
O meu vestido é azul
como o pescoço dum pavão,
e o manto verde como a erva nova.
Sentada no chão, perto da janela,
olho a rua deserta ...
Passa a noite escura
e não me canso de cantar:
— Sou eu, caminhante sem esperança,
sou eu.

Rabindranath Tagore, in "O Coração da Primavera"

“Marley & Eu”.


Sessão de Cinema “Marley & Eu” - Entrada Grátis para crianças até aos 12 anos

30 de Maio - 21h30
O Cine-Teatro Municipal de Constância associa-se às comemorações do Dia Mundial da Criança.

Assim, na sessão semanal de cinema do próximo sábado, dia 30, pelas 21h30, todas as crianças até aos 12 anos têm entrada grátis.

O filme em exibição será “Marley & Eu”, uma divertida comédia para maiores de 6 anos (com legendas).

Para os restantes espectadores aplicar-se-á o preçário normal.

Veja toda a informação sobre Cinema neste site em “Acção Municipal/Cultura”.
Por CMC

quarta-feira, 27 de maio de 2009

Moonlight sonata.

O Amor .


O Amor

Estou a amar-te como o frio
corta os lábios.

A arrancar a raiz
ao mais diminuto dos rios.

A inundar-te de facas,
de saliva esperma lume.

Estou a rodear de agulhas
a boca mais vulnerável

A marcar sobre os teus flancos
o itinerário da espuma

Assim é o amor: mortal e navegável.


Eugénio de Andrade, in "Obscuro Domínio"

Viagens.


Costumo responder, normalmente, a quem me pergunta a razão das minhas viagens: que sei muito bem daquilo que fujo, e não aquilo que procuro!

terça-feira, 26 de maio de 2009

Corpo .




corpo
que te seja leve o peso das estrelas
e de tua boca irrompa a inocência nua
dum lírio cujo caule se estende e
ramifica para lá dos alicerces da casa

abre a janela debruça-te
deixa que o mar inunde os órgãos do corpo
espalha lume na ponta dos dedos e toca
ao de leve aquilo que deve ser preservado

mas olho para as mãos e leio
o que o vento norte escreveu sobre as dunas

levanto-me do fundo de ti humilde lama
e num soluço da respiração sei que estou vivo
sou o centro sísmico do mundo

Al Berto, in 'A Noite Progride Puxada à Sirga'