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domingo, 21 de setembro de 2008

Testamento.



Tendo chegado o tempo em que

a penumbra já não me consola mais

e reduzem meus presságios pequenos;

tendo chegado este tempo;

e como a borra do café

abre de repente agora para mim suas redondas bocas amargas;

tendo chegado este tempo;

e perdida já toda esperança de alguma merecida ascensão, de ver o mar sereno da sombra;

e não possuindo mais do que este tempo; não possuindo mais, enfim,

que minha memória das noites e sua vibrante delicadeza enorme;

não possuindo nada mais

entre céu e terra do que

minha memória, do que este tempo; decido fazer meu testamento.

É

este: deixo-lhes

o tempo, todo o tempo.

(De: Los días de tu vida, 1977)

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