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domingo, 5 de abril de 2009

Dono de quem?







O cão, que pensava ser dono de seu dono, que o via correr ao menor ganido (e afagá-lo a qualquer momento), teve, naquela tarde, uma surpresa: constatou, da maneira mais patética que um cão poderia fazê-lo, sofrendo como o cão mais desgraçado da quadra sofreria ante àquilo, que era preterido em função de uma garota. E não adiantaram apelos chantagistas, olhares tristes ou abanar de rabos, pois o olhar que o rapaz propôs à garota que entrava em seu quarto dizia tudo. O olhar tinha cheiro de paixão, e o cão bem sabia distinguir os cheiros. E havia o aroma que brotava daquele pescoço, um pescoço liso como a pele de uma relva, interrompido por uma fina corrente que mal separava a relva do início do rosto, da tez que era bronzeada mesmo no inverno mais rude, mesmo no vento mais cortante que arrancava folhas das árvores de nossa cidade. Naquela tarde, o cão soube quem era dono de quem, e então não teve escolha: aceitou a porta fechada em sua cara, desceu as escadas pata por pata, saiu ao pátio e ao vento nos pêlos, e se pôs a roer, velho e gasto, o osso.

Cassio Grinberg.

2 comentários:

lili laranjo disse...

Bom fim de semana



Areia branca



Areia Branca
Areia fina
Branca e fina
E eu…
Sentada na praia…
Brinco com ela…
Ergo as mãos…
E abro os dedos…
Devagar…
Para te sentir…
Areia branca…
Deslizar calmamente
Pelos meus dedos…
E deixar-te desaparecer…
E vejo juntar-te …
A toda a imensidão…
De areia…
Que os meus olhos já viram…





Lili Laranjo

Anónimo disse...

JÁ TODOS OUVIMOS DIZER, QUE OS VERDADEIROS AMIGOS TAMBEM SÃO COMO GRÃOS DE AREIA,AO ERGUER AS MÃOS,E ABRIR OS DEDOS, SÓ FICAM OS MAIORES, NESTE CASO OS GRANDES AMIGOS COMPARAM-SE AOS AREÕES.---------DE COIMBRA.