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sexta-feira, 24 de julho de 2009

A Escola.



Não podemos negar que a escola não deu aos seus alunos todas as possibilidades que lhes devia dar, desprezou os mal dotados, obrigou-os a actos ou tarefas que lhes depuseram na alma as primeiras sementes do despeito ou da revolta, lhes deu, pelo quase exclusivo cuidado que votou ao saber, deixando na sombra o que é o mais importante — formação do carácter e desenvolvimento da inteligência —, todas as condições para virem a ser o que são agora; se não saíram da escola com amor à escola, a culpa não é deles, mas da escola. Acresce ainda que, lançados na vida, a escola nunca mais procurou atraí-los, nunca mais foi ao encontro dos seus antigos alunos, para lhes aumentar a cultura, os informar e esclarecer sobre novas orientações de espírito, para lhes pedir a sua colaboração, o seu interesse na educação das gerações mais moças. Houve um corte de relações, quando a sua manutenção poderia ainda de algum modo apagar as más lembranças que os alunos levavam. Que admira que sintamos agora à nossa volta paixão e rancor? Tivemo-los nas nossas mãos e não fizemos por eles tudo quanto podíamos, mesmo com as possibilidades económicas e pedagógicas de que nos cercara o meio; em nós temos de reconhecer o principal defeito; por consequência, também em nós a principal causa do ataque.

Agostinho da Silva

3 comentários:

Anónimo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
angela disse...

Concordo com você e com o que Fatima escreveu, quer dizer que concordamos com Agostinho da Silva.
Que cada um seja o melhor possível, cada um do seu jeito.
Beijos querido

PedrasTuas disse...

A esta hora não posso comentar este post...

Mas tenho de voltar mais tarde...Depois de trocar umas ideias com R. acho que tomaremos um posição interessante- ela tem ideias bem concretas sobre o assunto e eu algumas opiniões e vivências....

Mais tarde, mais tarde...
mas obrigada...