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quinta-feira, 27 de maio de 2010

Crepuscular



Há no ambiente um murmúrio de queixume,
De desejos de amor, d'ais comprimidos...
Uma ternura esparsa de balidos,
Sente-se esmorecer como um perfume.
As madressilvas murcham nos silvados
E o aroma que exalam pelo espaço,
Tem delíquios de gozo e de cansaço,
Nervosos, femininos, delicados,
Sentem-se espasmos, agonias d'ave,
Inapreensíveis, mínimas, serenas...
_ Tenho entre as mãos as tuas mãos pequenas,
O meu olhar no teu olhar suave.
As tuas mãos tão brancas d'anemia...
Os teus olhos tão meigos de tristeza...
_ É este enlanguescer da natureza,
Este vago sofrer do fim do dia.

Camilo Pessanha, in 'Clepsidra'

4 comentários:

Viviana disse...

Olá Manuel

Conheço muito pouco da obra de Camilo Pessanha.

O Jorge (meu marido) conhece muito bem.
Temos aí o seu livro - Clepsidra -

Há tanta coisa interessante para aprender, não é?

E a vida é tão curta...Tão breve!

Um abraço

viviana

José Sousa disse...

Oi amigo Manuel... Gosto de vir até seu canto, e gosto dos seus comentários. Vamos continuando por aí.

Um Abração

Manuela Freitas disse...

Pessanha, o poeta simbolista, apesar de ter escrito um livro, toda a sua poesia é muito interessante. Gosto muito.
Bjs,
Manú

angela disse...

Assim é na natureza e em nós que fazemos parte dela.
Lindo poema
beijos