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domingo, 18 de julho de 2010

O Sexo




Neste corpo, a densa neblina, quase um hábito,
lentamente descida, sedimento e sede,
subtilmente o acalma. Ancora que se desloca,
movediça e infirme. Só no olhar, além

da luz e da cal, se distinguem os desejos
e a mestria das palavras. E não há remos
nem astros. Convido a neblina a esta
mesa de chumbo, onde nada levanta o fogo

solar ou os signos se alteiam. É a hora
em que o corpo treme e a sombra lavra as frouxas
manhãs. O que serão as tardes, sob a névoa,

quando o vigor agoniza e o vão das águas abre
o caos e os ecos? Estaremos em paz,
usando a palavra, última herdeira das areias.

Orlando Neves, in "Decomposição - o Corpo"

7 comentários:

Manuela Freitas disse...

Interessante, mas complexo, falar assim de sexo!?...
Voltarei a ler para compreender melhor!
Abraço,
Manú

Marilu disse...

Que amor envolvente, quente, denso...lindo...Beijocas

Flor disse...

Porque chamaste a esta entrada O sexo? ou será que esta pregunta não se faz exactamente como quando fazemos essa pregunta a um pintor, de um dos seus quadros?

angela disse...

Bonito poema que fala do sexo em sua complexidade e na calma que ele trás.
beijos

Sandra disse...

Jamais deixarei morrer a chama amigo. O frio não pode impedir a fogo da alma se manter acesso. Muito obrigada oelo seu carinho.
Sandra

Sandra disse...

Que lindo poema, amigo.
Simplesmente belo.
Que lodo mais belo de poeta se tem. Amei.
Sandra

Rosane Marega disse...

Feliz a mulher que estiver a teu lado ouvindo você emocionado, murmurando poemas... bem baixinho ao pé do ouvido, poemas enamorados de um poeta apaixonado...Lindo!
Beijão da sua Fã Aqui do outro lado do oceano.