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terça-feira, 15 de junho de 2010
Solidão
Aproximo-me da noite
o silêncio abre os seus panos escuros
e as coisas escorrem
por óleo frio e espesso
Esta deveria ser a hora
em que me recolheria
como um poente
no bater do teu peito
mas a solidão
entra pelos meus vidros
e nas suas enlutadas mãos
solto o meu delírio
É então que surges
com teus passos de menina
os teus sonhos arrumados
como duas tranças nas tuas costas
guiando-me por corredores infinitos
e regressando aos espelhos
onde a vida te encarou
Mas os ruídos da noite
trazem a sua esponja silenciosa
e sem luz e sem tinta
o meu sonho resigna
Longe
os homens afundam-se
com o caju que fermenta
e a onda da madrugada
demora-se de encontro
às rochas do tempo
Mia Couto, in "Raiz de Orvalho e Outros Poemas"
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13 comentários:
miauzinho
Meu amigo
Mais uma bela escolha, adoro Mia Couto.
Beijinhos
Sonhadora
Coisas mais lindas que esse Mia escreve...logo pela manhã desanuvia a alma...beijos.
OLá Manuel,
Não podia encontrar melhor - um poema do Mia Couto - um criativo da língua portuguesa, de quem já li obras interessante, embora conheça mal a sua poesia. Por aqui tudo vale a pena, porque a tua alma não é pequena!...
Beijinho,
Manú
Amigo do outro lado do oceano,
Vir aqui enche minha alma de paz e beleza com estes versos sempre tão bem escolhidos.
bjs cariocas
MAnuel: MIA COUTO é um passador de Mensagens de amor... Não podias ter escolhido melhor...Falta a presença daquela ROSA?
BEIJO DE
LUSIBERO
Manuel
Mesmo a correr...recebi o teu beijinho
LIndo Poema!
Beijos
É bonito esse poema de Mia Couto. Boa continuação e não se esqueça de ir comentar no meu post em: www.queriaserselvagem.blogspot.com
Um abraço
Oi Manuel!!!
Sempre muito bem escolhidos, suas gravuras e textos!
Beijinhos
Ângela Guedes
Olá Manuel
Gostei muito de encontrar aqui um poema de Mia Couto.
Conheço muito pouco da sua obra.
Mas do que conheço...gosto.
Um abraço
viviana
O Sonho, a felicidade de acontecer e a esponja representando a resignação, um Mia Couto que se lê e e volta a ler e nas entrelinhas voltamos a viver um novo poema. Mia Couto "faz parte", impossível não se gostar e com ele aprender.
E quanto ao titulo, todos bem sabemos o que é estar rodeado mas "só".
Sincero kandando e tudo de bom para ti amigo Manuel.
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