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terça-feira, 16 de setembro de 2008
Agonia.
Sinto que as paredes me oprimem
que os quadros silenciosos
me observam assustados
e que os móveis crescem
na penumbra do quarto
e minhas mãos encolhem
se recolhem inativas
perplexas.
Estou longe de mim mesmo.
Nuvens espessas densas
em debandada
na direção do infinito.
Visto do universo
neste lugar-nenhum
sou cada vez menos
enquanto bilhões de seres
nascem e fenecem
como estrelas luzidias
mas intermitentes.
Estou perdendo peso
enquanto meus cabelos
cada vez mais grisalhos
me abandonam
desprendem-se e flutuam
errantes.
Minhas mãos não encontram
mais nada
abaixo da cintura.
Vou reduzindo de estatura
ao nível do chão
sem qualquer resistência
até desaparecer
pelo ralo da cozinha
ou pela ampulheta
da existência.
Já vou tarde.
Poema de Antonio Miranda
Ilus. de Zenilton de Jesus Gayoso Miranda
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4 comentários:
das duas uma, ou o gajo dá um tiro nos cornos
ou
toma um xanax, dois ou três.
É horrível assistir a esta agonia .
não diga que é a do seu gato.
dê-lhe uma mini, qu'isso passa-lhe.
Esta agonia não passa com Xanax. Disso tenho eu a certeza. Quem poderá passar por uma agonia assim? Mas de verdade. Sem ser poética, fingida, configurada?
Ninguém?
Também pode ser influência do tempo. Quem sabe? Pode viver lá para aqueles lugares onde as pessoas têm muito dinheiro, qualidade de vida, e, de repente: suicídio. Falta-lhes sol ou passam muito tempo sem ver a escuridão.
Ver a escuridão? Interessante.
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