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quarta-feira, 24 de junho de 2009

Timidez.




Basta-me um pequeno gesto,
feito de longe e de leve,
para que venhas comigo
e eu para sempre te leve. . .

— mas só esse eu não farei.

Uma palavra caída
das montanhas dos instantes
desmancha todos os mares
e une as terras mais distantes..

— palavra que não direi.

Para que tu me adivinhes,
entre os ventos taciturnos,
apago meus pensamentos,
ponho vestidos noturnos,

— que amargamente inventei.

E, enquanto não me descobres,
os mundos vão navegando
nos ares certos do tempo,
até não se sabe quando...

— e um dia me acabarei.

Cecília Meireles, in 'Viagem'

7 comentários:

Anónimo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Ângela disse...

Oi Manuel!!!
Gesto que não farei!
Palavra que não direi!
Pensamentos que inventei...
Linda "timidez"
Um beijo, amigo.
Ângela

Leonor Varela disse...

O que faz de uma amizade especial não é a quantidade de tempo que ela existe, mas sim as partes que a compõe!

um beijo

Anónimo disse...

Manuel,meu Amigo,que linda escolha!
Beijo.
isa.

Cristina Fernandes disse...

Há muito que não lia Cecilia Meireles... parabéns
Cumpts,
Cristina Fernandes

angela disse...

Como é difícil a timidez...
beijos

PedrasTuas disse...

Olá Constãncia (Vila Poema) do "amigo" Manuel.
De uma tímida que se esconde por detrás da inércia e deixa criar musgo nas pedras de que tanto gosta, acho que hoje foi mesmo um dia de "co-incidência" como diria aquela "amiga" em comum.
Cecília Meireles, a poesia, a doçura...nada poderia ser melhor para empurrar esta pedra a vencer o musgo, a lutar por sair da escuridão em se encerrou.
Que a luz comece e a poesia continue sempre consigo. E tudo o resto.