Seguidores

domingo, 25 de outubro de 2009

O Professor como Mestre




Não me basta o professor honesto e cumpridor dos seus deveres; a sua norma é burocrática e vejo-o como pouco mais fazendo do que exercer a sua profissão; estou pronto a conceder-lhe todas as qualidades, uma relativa inteligência e aquele saber que lhe assegura superioridade ante a classe; acho-o digno dos louvores oficiais e das atenções das pessoas mais sérias; creio mesmo que tal distinção foi expressamente criada para ele e seus pares. De resto, é sempre possível a comparação com tipos inferiores de humanidade; e ante eles o professor exemplar aparece cheio de mérito. Simplesmente, notaremos que o ser mestre não é de modo algum um emprego e que a sua actividade se não pode aferir pelos métodos correntes; ganhar a vida é no professor um acréscimo e não o alvo; e o que importa, no seu juízo final, não é a ideia que fazem dele os homens do tempo; o que verdadeiramente há-de pesar na balança é a pedra que lançou para os alicerces do futuro.

Agostinho da Silva.

7 comentários:

Graça Pereira disse...

Que saudades das verdades de Agostinho da Silva... Linda homenagem!
Um beijo e uma boa semana.
Graça

Sylvia disse...

Agora tocaste a minha alma.Professor para mim e a profissao. Eu como professora senti uns certos calafrios de me chamarem doutora. Sempre fui a professora Silvia. Nao me vi nunca superior a ninguem. Adorava sentar-me nos bancos da escola a conversar de coisas da vida com as funcionarias e sempre as tratei como iguais ao contrario de muitos colegas. Nem nunca tive aquela coisa de superiordade perante os pais - que e o que eles detestam.

angela disse...

As vezes tenho a impressão que exigimos demais dos mestres.
boa semana
beijos

Unknown disse...

Sylvia estudei na antiga escola industrial e comercial de Abrantes.nunca mais esquecerei a professora que dava geografia,era sensível , professora mãe e companheira.Na mesma escola tive um professor de matemática e outro de tecnologia que eram umas bestas...Ui,isto nos anos 60.

Abraço.

r disse...

Caro Manuel,
tecnologia nos anos 60?, escola modernaça a sua
e vai-se desculpar, mas mãe, só mesmo dos meus filhos. obviamente que, no contexto actual, se pede ao professor que seja tantas coisas que pouco tempo lhe resta para o desempenho da sua profissão: professorar.
É sempre preciso cuidar os textos descontextualizados... dizer que não basta ao professor a norma burocrática, não significa, julgo eu, afirmar que deva ser pai. A função de mestre não é a paternidade, nem O Senhor Professor Agostinho da Silva, escreve isso, nesta passagem.
Não lhe basta ser um executor burocrata, cumpridor das normas específicas na profissão; é preciso que possa e saiba "lançar a pedra que alicerce o futuro", não crie discípulos que o sigam cegamente, mas pessoas que o superem.
Enquanto professora sou, tão-só, mãe dos meus filhos, aqueles que gerei, pari e estou a educar. As minhas alunas e alunos não são meus filhos.

Unknown disse...

caríssima completamente de acordo consigo.sem comentários,estou apenas a constactar um facto.
Nos (anos 60) tecnologia mecânica era uma disciplina administrada nos cursos industriais.

Jinhos.

r disse...

ups, apanhou-me a «mailar»

Mecânica... também fui discente numa cousa parecida na esc. Duarte Ferreira em Tramagal. Não devo ter aprendido nada significativo, pois que, nada recordo e de mecânica... ui... nem p'ra teoria...

sabe que agora há uma outra cousa, tipo: Educação Tecnológica e assim. Coisas... giras

abracinho GRANDE
R